segunda-feira, 24 de agosto de 2009


TRILOGIA DO ACASO
(Con)viver
Não conhecer.
É inevitável o tanto que observo as pessoas, coisas que sei, coisas que vejo, concluo e guardo pra mim. Só sei que as conclusões que tiro não são as mesmas que determinadas pessoas têm, mas jamais perco meu ponto de vista. Ver e ver e sentir e possivelmente concluir.
Gana, desejo, carne, suspiros, falta de ar, suor, sede, desejo...desejo...carne.
- Não! Sou só meu mesmo, muito pra me dividir, muito pra me aproximar.
- Sim! Ficar só é leve, escolho, não me incluo, não me misturo. Ser o que se é por dentro, fingir pra mim mesmo não.
Eu sozinho me sustendo (ou não, dependendo do ponto de vista), só preciso de pouca coisa (muita coisa), quase nada...carne, sou carnívoro e mostro (para poucos/muitos) e isso está acabando comigo? O que preciso mesmo é ter pés firmes, queria ter nascido uma planta, enraizada, mas mesmo assim acho que seria catalogado como aérea ou simplesmente daquelas plantas que precisam de um jarro só pra elas que florescem uma vez por ano e no resto do ano são vistas como não muito interessantes.
- Não!
Não sei o que vou fazer daqui alguns dias. Que se dane, ou melhor, que se danem. Não consigo fazer...vou simplesmente sorrir, e dizer que ando muito bem e dizer que aqui é bom e matar a saudade e não sei mais o que...voltar.
Por favor, não peçam, não perguntem se não querem ouvir o que acham que responderei. Sou só mesmo, tudo foi por mim e acredito que sempre continuará sendo, até quem sabe um dia (o que com certeza não terá o mesmo impacto que a morte de uma estrelinha pop nem passará despercebido como um mendigo na rua), mas passará...normal...espero.
Vou tentar
- Não!
Vou fazer.
Fases. Tenho a péssima mania de me aproximar demais das pessoas e depois me afastar, sou forte demais e fraco demais, mataria alguém quando acordo.
Máscara, medo, nada, vergonha, eu, forma, estética, falta, conseqüência, família, liberdade, saudade, presença, amizade.
Ouro Preto sufoca.

(Con)sentido
Passaram.
Nada muito complexo, sem nenhum dilema, os dias passaram.
Parece que a saudade estava na onipresença, na falta, na ausência.
Sentir que não fazemos mais parte de uma realidade, não necessariamente pode ser ruim, passa a ser bom a partir do momento que vemos o quanto evoluímos...o quanto crescemos. O pior é quando queremos forçar “fazer parte” de algo que simplesmente não nos enquadra, é como se estivéssemos à parte, como se fôssemos neutros, e participássemos de tudo pelo lado de fora, vemos tudo, participamos e não participamos... Somos e não somos.
Não... Não sou tão importante assim, fiz por onde? – Pode Ser!
Quer também? – Não! Não me siga, não tem receita. Porque esse fuzuê todo? É tão simples... Contrastes de quando mudamos de posição.
Mente aberta... Só se há quando se convive com as diferenças, por isso entendo muitos... Têm seu mundo limitado, pena ter que caminhar por esses territórios, mas bom... Conhecer, observar... experienciar... Meu forte.
A distância acho que vai sempre ser algo presente. Vou ter que saber lidar com ela muito bem, ás vezes pode ser que ela se faça tão presente para mostrar o caminho certo... Para mostrar que posso usá-la a meu favor.
Deixei ir... Como sempre, fui levado. Espaço, o tempo me deu, e o próprio tempo se encobriu de preenchê-lo e muito bem. Simplicidade, ingenuidade, aconchego, luz. Sinto-me bem perto de você.
Em pouco tempo sentir que não se quer mais sair de perto de alguém é coisa de tolo?
- Não, tolo é quem não se aproxima cheio de receios, é quem não aposta, não se permite.
Em uma coisa sei que a distância me privilegia, ela sempre interfere em algo forte, quando temos em nós o melhor de determinada pessoa com a gente, quando queremos muito e não podemos. Então o que fica são lembranças dos momentos (que até então foram muito bons), as juras de reencontros, fica a satisfação de saber que existem pessoas maravilhosas... Fica o melhor, levamos o melhor com a gente. Um possível fim vem com algo inevitável: a partida. E o que fica é finalmente o melhor, a latência, o querer mais, é como se acabássemos de acender uma fogueira e saíssemos sem apagá-la. É inevitável, não há nada de rancores, o sentimento fica dentro da gente.
Eis o grande desafio de se relacionar em um determinado período de tempo, sabendo da partida: um reencontro e a brasa meio que subitamente recebe um sopro e a chama se reaviva. Não gosto da normalidade, da rotina e da comodidade, relacionamentos assim me ajudam quanto a isso.
Otimismo, novo período, “vida nova”, promessas, ego fortalecido, caras novas, dívidas, café, cigarro, brigas, roupas sujas, ladeiras, deart, ufop.
O mundo parece, mas não parou. 12horas de abdução, destino: nave Ouro Preto.

(Con)sentimento
Até que ponto a gente pode desafiar o coração?
Como o próprio ditado diz: “Está no fogo, é pra se queimar.”
Realmente não temos controle sobre o nosso coração, e isso eu pude ter certeza no dia de ontem (15/08).
Meses se passaram e estávamos nós sentados, novamente frente a frente, como se o tempo não estivesse passado. Sua mesma cara, insuportavelmente sedutora, o mesmo sorriso, a mesma fisionomia, era como se o tempo estivesse dado uma volta para chegarmos naquele momento, colocar-nos frente a frente.
O coração pulava no peito e as trocas de olhares mostravam tudo o que já havíamos passado juntos. – Maldita hora em que fui marcar esse encontro! (ou bendita?!). Estamos nos arriscando demais. – Eu fui bem, passei esse tempo bem, e você também teve o seu tempo, ô vontade de te agarrar e não soltar mais. Sua mãe sabe?!
A ausência de palavras, por si só já dizia tudo; os olhares agora tinham um complemento: lágrimas vergonhosas de uma vontade imensa. As mãos se tocaram e nada mais importava.
- Fui precipitado?
A vontade de sumir era inevitável, o coração palpitava, os goles de chopp desciam forçados. E os olhares substituíam as palavras, eram melhor que as palavras. O nascer de uma lágrima falava por si só e o molhado no rosto, causado pelo passar de mãos, impedindo as lágrimas de rolarem; era o nosso corpo refletindo justamente o que tentávamos fazer naquela hora: nos bloquearmos por dentro. Razão não é produzida pelo coração.
Estava transbordando já, na escadaria um beijo... Era como se todo o conjunto de órgãos do corpo estivesse acelerado suas funções, para simplesmente ficar paralisado. Havia me esquecido do seu beijo: suave, calmo, simples... Beijo de paixão, beijo com sentimento. Finalmente a lágrima rola, estávamos fazendo o que queríamos.
Não! Não irei hoje, resolveremos a nossa vida...
Dia seguinte...
- O que você sugere?
O que sentimos, não pode ser jogado fora assim. E mais uma vez vamos tentar, vamos ver no que dá, ouvir nosso coração, tentar superar a distância, agora com a idéia na cabeça do que podemos sentir novamente. E com certezas, antes não tidas.
Vamos tentar...

W.M. Cooper

2 comentários:

  1. Cada vez mais me convenço de que a vida é feita de sucessivas tentativas... É tentar e tentar mais uma vez, principalmente quando se tem uma nova oportunidade. Afinal as coisas escorrem fácil pelos dedos.

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  2. Eu acho que os meus Janeiros são mais parecidos com domingos. A segunda começa só depois do carnaval. Ainda com aquele clima de preguiça, mas a alegria de estar de volta à rotina.
    Nunca pensei que eu sentiria tanta falta de Ouro Preto

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