quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Janeiros


Janeiro, a grande segunda-feira de todo um ano. É hora de se tentar planejar o ano que está por vir, hora de dar ponta-pés iniciais em planos novos e antigos, hora de prometer coisas (para os outros e para si mesmo). Janeiro é tempo de se confundir com datas passadas, tempo de confusão sem justificativas, mas que com certeza têm alguma interpretação. Janeiro é tempo de ser só seu, de se ver como um todo. Janeiro é tempo de esperanças, de tragédias naturais e pessoais, tempo de se agarrar em oportunidades, tempo de ser.
De paz, é esse o momento. Vejo que já absorvi o que se passou e também já digeri. Uma gota se escorrendo do corpo é suor. A forte/preguiçosa brisa fazendo com que as árvores dancem, me trazem paz, força, ideias, pessoas, paixões.
O ciclo da vida corre no seu mais satisfatório curso, quase que inerte, preguiçoso, romântico... Uma bossa nova... Atitudes novas. Contudo ainda perco o sono pensando no fim, no nada, pensando enquanto pó. Pensamento vão, vago, superficial, supérfluo. Vivendo lentamente.
Janeiro é todo como aquela cena de preguiça que fazemos na cama em uma segunda-feira qualquer (ou mesmo todos os dias como eu), aquela preguiça que pesa na cama te impedindo de levantar, prometendo (não sei a quem) que levantará em dez minutos, que acabam se estendendo para mais vinte, trinta, quarenta e até uma hora, quando você vai ver, já são 12h e você ainda luta com aquela irresistível cama para abandoná-la. Numa luta, por fim levanta-se meio tonto, e fica satisfeito pelo almoço já estar pronto, engole aquela comida sem nem mesmo saber ao certo o que se está comendo, senta-se no sofá, fica fritando e decorando programações, engolindo publicidades inúteis e chatas. Até que se levanta daquele típico cochilo da tarde, bêbado praticamente, pega aquela lata de cerveja que sobrou do churrasco do final de semana passado (pois afinal de contas é o que há de melhor quando meus pais cismam em fazer churrasco com os amigos, a cerveja que sobra), indo para a varanda, acende um cigarro e fica admirando o céu ao entardecer, o pé de manga carregado e de dentro dessa “fortaleza” admirando a sua exímia arte de evitar as pessoas.
Janeiro é tempo de implorar para que a rotina volte logo, é também (às vezes) tempo de ser surpreendido, de seus desejos serem atendidos. É tempo de prometer arriscar, de mudar, de assumir pesos... E como em todo janeiro, é tempo ainda de se confundir ao datar algo, datando como o ano que se passou.
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W. M. Cooper

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